Pálidos sob a sombra da terra
Auréola gris pela poluição da mente
Retratam-me todo pus interno
Do pútrido tumor das guerras.
Violinos mortais tocam a sinfonia da destruição
E as trevas, avermelhadas de sangue
Parecem as vestes de uma virgem estuprada
Como ela gritaria, todos gritarão sua própria dor.
A zoospermia assusta os sobreviventes
Já que o sexo vos é sacrossanto
E a concepção de novos anjos
Deve ser concluída até o final de sete dias.
Teremos apenas mais três anos de vida
Isso, se nos entregarmos à beatitude de Nirvana
Já que teremos sempre a nódoa dos vermes
Que depois desse tempo iniciarão o nosso fim.
Nem meu cálido desejo por ti me aquecerá
Tampouco teu fogo resistirá às tempestades
Pois será a mais perversa maldição
Já que ninguém seguiu as leis de Hades.
Os solitários se abrigarão do desespero
E o “Senhor Medo” é quase dono de tudo
Porque seremos castiçais mudos
Das velas da nossa própria perturbação.
O sol será como ácido em nossa pele
E a profecia da bíblia falha outra vez
Pois os últimos dias não serão na escuridão
A claridade nos matará quando imploraremos pela noite.
Cada lugar na terra com um bosque do pecado
E muitas fontes com a sua água envenenada
Sábios, sobre os ensinamentos da dor
Leigos, sobre a religião do amor.
E o que será o amor nesse momento?
Será a vontade do próprio salvamento
Mesmo vendo o desespero de crianças morrendo
Sem que saibam ao menos o porquê.
Meu licorne negro morrerá com a epidemia
Assim como o único homem que desejei
Queria saber fazer psicagogia
E invocar a alma desse santo que amei.
E como ficaremos nesse momento?
Coroa sem rei, assim sem tua presença
Ignorando as farsas das crenças de risco
E morrendo sem conhecer nenhum Jesus Cristo!
Penso, do que me valeria ter acreditado na vida?
Ainda bem que jamais me deixei iludir
Mesmo com tamanha desgraça ainda consigo sorrir
É que as suas mentiras não penetram mais o meu ego.
Então, essa morte me é analgésico e timoléptico
Posso até sentir minha cabeça mais leve
Mesmo sabendo que essa é a minha última estação
E o vale das sombras será o nosso próximo destino.
E acaba o som dos violinos...
Apenas porque tudo já acabou!
Nanda Zombie
Janeiro de 1999
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