MEU JARDIM FÚNEBRE

Todas as loucuras que a bruxa pensa... ou todos os pensamentos de uma bruxa louca!

Quando dividires o teu céu em várias partes;
E tomares todas as drogas potentes;
Verás o nocivo poder da mente;
Porque será fatal, mesmo que inconsciente.

Então quando acabar com o teu mar;
É que saberás quantas vidas destruiu;
Tudo que era para ser unido desuniu;
E um dia houve amor, do que serviu?

Nos sobrou apenas essa dor;
E o choro não mais comove a dependência;
Pois mesmo com qualquer lamento;
Todos somos perecíveis ao tempo.

Ainda querem me condenar;
A humanidade não enxerga;
Não há de ter maior castigo que a vida;
Ela já nos desencoraja e corrói.

Por que eles sempre nos querem iguais?

Como se isso fosse garantia;
Como se ter felicidade e não sabia;
Se precaver do que não existia;
Não relizar os sonhos que se podia.

Teus santos são simplificados à tinta e barro;
Mas o teu desejo é pela ignorância;
Nela, aumentas o teu povo (teu lucro!);
O meu sonho de consumo é o vaticano;
Quando vocês em suas rezas;
Dão o pouco que lhes restam;
Enquanto a "Vossa Santidade";
Prega humildade, mergulhado no ouro!
Agora, bebam do sangue de Cristo;
Ou será melhor dizer sangue alcoolizado?
Sábios, aqueles que rezam sozinhos;
Que encontram sua paz ilusória a sós;
Pois o que importa é sentir-se bem;
Arquitetura gótica, germânica...
Não tem nenhuma importância;
Lá, todos falam da vida de todos;
E na hora da comunhão;
Nada segue qualquer tradição;
Deveriam repartir, não era pra ser assim?
Mas cada um terá seu pedaço de waffer;
Ou será pão? Não! É um corpo!
Mas afinal, essa carne sem gosto é Cristo?!
Querer buscar explicação é inútil;
Quem me dera achar qualquer razão;
Já que o corpo não nos retrata a alma;
E a verdade só quem nos mostra é o coração.

O que será mais potente?
Anfetaminas ou entorpecentes?
Quem sabe os dois!

Alucinada me fará esquecer,
Esqueço do quanto viver para mim é nada.

Sondas, lavagens gástricas...
Cloreto de sódio na minha corrente sanguínea,
Estou fraca e demente,
Agonizando sem conseguir respirar.

Eu quis que fosse assim,
Mas insistem em me salvar!
Queria gritar, mas não consigo nem falar,
Quero dizer que me deixem morrer.

Pois, só morta (amiúde sepultada),
Nula, extinta e consumada
Serei compreendida por mim mesma,
Por não precisar da compreensão de mais ninguém.

Estou com cheiro de morte
Nessa cena deplorável e excitante.

O sangue que espirra das minhas narinas
Acaba de manchar a minha tela,
Tornando-a, assim em arte:
A arte de se matar!

Mas o sangramento parou
E a sonda começa a tirar de mim toda a química existente,
Então percebo que mais uma vez meu suicídio fracassou...

Nesse 29 de agosto de mil novessentos e noventa e oito.

Não quero meu nome em teus papeis;
Mas sim, meu todo cravado em teu corpo;
Não quero provas de amor compelidas;
Mas sim, o mínimo de carinho se for voluntário.

Não me fantasiarei de condor para te iludir;
Me mostrarei abutre-fusco como sou;
Então, me terás se quiseres de verdade;
E não como sonharias (se eu não for o que querias).

O que poderei fazer se não sou eu tua Euterpe?
Nem ao menos tenho flauta, apenas saudade!

Para mim, é uma experiência nunca vivida;
Dar o que pela primeira vez tenho comigo;
E necessitar de você a retribuição;
Coisas que eu não sentia até então.

Descrevendo-me assim, fica fácil ver meu descostume;
Mesmo sendo dificil (quase impossível) me entender;
Pois, eu venho com um manual de convivência;
Só que as instruções são quase indecifráveis.

Enquanto procuro a mim mesma...
Espero achar-te em meus caminhos viáveis.


03/08/99

Sempre haverá ruínas em nossa construção;
Construimos nossa relação sobre um campo minado;
A cada dois passos, um deles será o errado;
Então de novo, novamente, recomeço, reiniciação.

Seria mais fácil esquecer, se não fosse você...

Quanto aos temores, mais potentes em pesadelo;
Como se fossem um alerta meio macabro;
Avisando-nos de tudo que iríamos passar;
Que o pior visto é ainda pior que isso.

Um míssil tendo no alvo a base inimiga!

Tentei fugir, tentei que salvasses a si mesmo;
Já perdi você mesmo, aqui, dentro de mim;
Nas muitas vezes em que eu duvido;
Que suportarás todo o conflito sem desistir.

Sempre que uma guerra parece perdida...
Uns se escondem, outros se suicidam!


04/06/2005

Feliz ou desgraçada?

_Debilitada de sorrir.

Burra ou bondosa?

_A sábia idiota!

Ora sou bruxa;

Ora sou anjo;

Outras, apenas.

Muitas vezes demônio enfraquecido

Guardiã de um templo maldito

E amaldiçoada pelos vivos.

Indigente de alegria...

Já por mil duzentos e vinte oito dias

E inepta de buscar a paz,

Nem que seja por um momento

Sabendo que tenho pouco tempo

Ganho de presente

Um nada que já tenho a mais.

1998

Hoje é mais um dia de esperar...
E não ganhar!
Hoje, sinta dor e chore horror,
Por seu maior temor.

Espere luz no fim do túnel,
Se desespere, não a ache.

Sonhos, pra que sonhos?
Eu já te dou meus pesadelos!
Coma o que está apodrecido
E sinta-se apodrecer também.

Cantarás por alegria
Mesmo tendo matado um amigo
E morra ao tentar encontrar a paz
Porque o inferno é mais atrás...

E os seus passos
A diante não vão mais!

22/12/98

Todo sentimento é agudo
E qualquer punhal lembra a morte.
Celebremos o caos, todo o mal e o imortal:
Morrendo por ser perecível,
Ou ainda, qualquer coração ferido.
Quando o sangue escorre
É que a morte se revela mais sombria,
E quem diria que sangrei por cinco dias?
Mulheres continuam vivas
Carregando a certeza
Da não procriação em desperdício.
Quando há fertilidade sem fecundação
Torna-se sangue a maldição...
Menstruação!
Somos nós mulheres, pára-quedas e precipício,
Vida e morte todo mês.


23/03/2005

Às vezes o mundo parece me odiar, outras vezes, me presenteia como a um deus. Por isso é tão complicado me permanecer num estado de espírito por muito tempo.
Por momentos quero matar, outros salvar, se chorando estiver nervosa começo a rir. É só quando me desligo do mundo que passo a sentir falta do que sentir.
Durante bastante tempo determinei que dormir era fraqueza, hoje busco o sono que só me vem através das minhas inseparáveis benzoadiazepinas e que algumas vezes não conseguem me fazer sonhar, mas me fazem relaxar e viajar nas alucinações hipnagógicas do meu hemitartarato de zolpidem. E o que vou fazer? Ter dezesseis anos e esperando morrer, odeio esperar! É sonhar com liberdade e passar o resto dos meus dias em grades.
E do que me vale uma reação, se durante todo tempo tudo que fui e ganhei, decepção. Por isso podem até achar cura para o mal do século, menos para a minha depressão.
Mas o que se pode dizer de alguém que já tenha passado por certas coisas assim? Ninguém pode reclamar se o seu comportamento for muito bom: para ser muito ruim!

1998

Vou pisar em vidros sem sentir dor,
E passar toda minha vida assim,
Sem sentir esse tal de amor,
Quem quiser que o sinta por mim.

Quero me abrigar do abandonado
E perceber que essa dor é incurável,
Como a minha depressão
Por ainda sentir- me viva.

Acordo com as minhas doenças,
Então, continuo sabendo que pra morte
Não a salvação por crença.

Espero que o meu corpo sepulto
Não cause nenhuma ausência,
Porque eu não quero fazer falta a ninguém.


13/07/97

A radiografia do mundo é o inferno
E já não é novidade receber do mal a solução:
Do vírus letal a cura para dor da vida
Da cegueira permanente, livrar-se da visão descontente.
Sangrei até agora, gelada, clorótica
Enfim, minha aparência desejada.
E se os outros não gostam, do que me importa?
Castelo da vitalidade ao longe,
Trilha da consolação sem acesso
Perdemo-nos no vale malfazente
Quando percorremos o caminho de ciprestes.
Quando chegaremos ao preparatório?
Qual será a casa dos ensinamentos?
E conheci teus medos, teus desejos,
Agora, me desconheço.

02/05/98

Para depressivos, anfetaminas;
Para inconformados, diazepinas;
Para perturbados, hemitartarato de zolpidem;
Para apaixonados, bebidas alcoólicas;
Para doloridos, morfina;
Para desiludidos, ibogaína;
Para estressados, cannabis sativa;
Para indispostos, ecstasy;
Para masoquistas, heroína;
Para discretos, chá de cogumelo;
Para criminosos, crack;
Para curiosos, chá de fita;
Para apressados, LSD;
Para perdidos, cola;
Para juvenis, loló;
Para mauricinhos, lança;
E aos não citados, esperança...
A última que irá morrer!

02.09.2004

Fúria por medo
Ainda é cedo para voltar
Em último caso, na última hora
Quase sempre com todos: com niguem!

Sabe bem do caminho a ser tomado
Aqueles trilhos que o levará
Trem que carrega fantasias
E consigo, toda a força necessária.

Geralmente, não para na estação que devia
E o porquê do desistir é obscuro
Assim como seus vagões de mistério
Jamais denunciam a real mercadoria.

Passam-se as noites e os dias
Ele segue para não se sabe onde
Quando a cada despertar sabemos
Nos aproximamos mais do final.

Inteiramente comprometido com seu vício
Sem que nunca precise tentar se controlar
A vida já nos faz correr tantos riscos
Que um precipício pode parecer um abrigo.

Para mim é assim tão simples
Fácil é definir o que não é de nós mesmos
São sonhos, pesadelos...
O ponto de vista é de quem dita o fato:

Veloz [ eficiente ] ou então desgovernado!

(Nanda Zombie- 09/08/2003)

Para cada coisa boa existente
Há sempre uma má,
Isso é a essência da tentação.
Hoje, sou o que outrora
Tinha sido jardim florido,
Agora, fúnebre, esquecido.
Fui transformada
Em escultura espatifada,
De uma obra qualificada
Como desqualificada,
Batizada pelo nome
Espectadores da destruição.
Todos nós veremos a maldição.
_Quem virá como filho de Deus?
_Quem virá como o de Satã?
A verdade, é que todos nós sofreremos
Pelo mal que procriamos,
Pelo desamor que cultivemos...
Então, no sexto mês,
No sexto dia,
Na hora seis,
O mal não há como impedir,
O bem insistirá em partir.
Por isso rezem!
Supliquem ao senhor!
Pois a TRINDADE DIABÓLICA
Já entrou em ação maléfica:
O Demônio, o Anti-cristo, e o Falso Profeta!





Fernanda Zombie 20/03/98

Penso em um demônio (Vinícius)
Com o rosto de Jesus Cristo,
Que me tenta e acalma.
Minh'alma completa e possuída
Avisa que não me adianta rezar.

Religiosidade e espiritualidade
Com força extrema me invadem,
Vejo teu corpo como nova comunhão.
Quando eu, abrigo de teus pecados,
E faças de mim o teu confessionário.

Uma igreja, como sempre o sagrado,
Este é o meu cenário desejado;
Então, que minha boca seja santuário
Onde purificarás pele, lábios
No sabor do vinho que beberemos.

Logo após o cântico de celebração,
Tomados por qualquer desejo absurdo,
Compreenderemos toda a essência
Do tal prazer nessa minha devoção:
Doar-se para o outro sem medo.

Por fim, sem que eu me esqueça
Iremos para a última ceia...
Busque a hóstia consagrada
E a consagre em minha língua,
Tua saliva: minha sede de água benta!

E mesmo que me perturbe a consciência
Não iria me conter diante do Messias...

_Santo, aqui, crucificado em mim!



Nanda Freitas - 29/01/2010

Tenho um cigarro de companhia
E a melancolia se abriga dos dois,
O consumo lentamente e descontente,
No prazer com o que me faz mal.

Penso nas coisas que me fazem bem,
Apareceu-me a cura, mas ainda não tenho,
Tu não estás aqui comigo e preciso...
Fico então com o excesso da falta!

Urubus famintos em disputa por comida,
É só o que me distrai nessa tarde cinzenta,
A carniça de outros animais é o luxo
Do lixo podre que os alimentam!

Lágrimas me escorrem sem que eu queira,
Eu nunca consigo detê-las, contê-las,
E como ácido, queimam a minha alma
Nesse dilema entre me entregar ou recuar.

Já és conhecedor dos meus tormentos
E não quero te confundir, perturbar.
Mas, quem o salva se me salvares?
Quem matará? Quem morrerá?

Conflitos de matéria e espírito,
Dentre o meu medo e toda minha vontade;
Na realidade de não saber, não sentir
Se vou ficar bem, ou se vou me iludir.

Que dor é essa que me provoca a falta?
Corrosiva, começa a abrir-me uma ferida.
Me intriga, pela consciência do cedo
E novamente, temo me exterminar.

Sei que me causou câncer violento,
Pútrido, sob pus e o meu lamento.
Quando abro os olhos você não está perto,
Mas me nego, nego recusar a esperança.

Outrora, quem sabe, consiga ser mais sensata
É que sob teu efeito, raciocino lento...
Querendo desintoxicar-me inutilmente
Porque és tu, a minha droga mais potente!

Permaneço, como se num berço jazigo,
Inerte, à espera de teu contato como abrigo...

E desconhecendo que segredo é este
Que o faz mexer tanto comigo!



Nanda Zombie 05/02/2010

A morte previsível é amiga protetora,
Ela vai te querer
Mesmo que todos não te queiram;
Ela vai te vestir sombria
Com roupas fúnebres e belas.
Ela não vai te condenar
A nada além dela mesma.
Leal companheira,
Feliz por ela ser minha credora,
Compensarei com meu corpo apodrecido
Pela alegria de livrar-me da incompreensão.
Não! Eu não quero ser cristã!
Serei entregue aos vermes
Do mesmo jeito que foi meu avô,
Ou qualquer cachorro pulguento.
Tens medo do dia do julgamento?
Espero tranqüila a minha condenação.
Porque pagarei pelo mal que fiz
E pagarão pelo mal que a mim foi feito,
Será igual, do mesmo jeito.
Então morte, és salvação
Dentre o esfalfamento dos homens
E toda nossa desunião.
Agora, a que permanece...
Em um mundo onde não se nasce,
Em um tempo onde não se cresce.
Espero-te morte...
Com minha triste obsecração!




Nanda Zombie 22/07/1999

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